BIO
Marinaldo Santos é um artista do Pará. Onde, em Belém, suas obras se vêem por toda parte. Autor de trabalhos que conheci em inícios dos anos 1990 quando num júri paraense. Daquele tempo, guardo um desenho... sempre um armário. Estudando em escola do SESI, aos 12 anos trabalhava em fábrica de castanhas, e depois, em tempos difíceis, numa serraria recolhendo o pó da madeira. Aos 15 já saiu de casa vivendo por sua conta, num certo período distribuindo a Folha do Norte, até começar a expor em coletivas no Pará a partir de 1983, assim como apresentando-se em individual pela primeira vez em Belém, na Galeria Elf, em 1985.
Marinaldo: urbano-pop Um artista do Pará. Estado poderoso, que projeta de forma explícita um orgulho, vinculado sem dúvida à sua riqueza e vastidão territorial. Com contribuição cultural que há tempos não se limita mais apenas à presença dos projetos grandiosos do arquiteto Antonio José Landi, nem à herança de Emílio Goeldi. Mas que lembra a ação do arquiteto Paulo Chaves. E hoje nem repousa mais apenas na tradição fotográfica (Luiz Braga, e que o digam com mais precisão Marisa Mokarzel e Rosely Nakagawa), ou em sua gastronomia reconhecida. Mas que nas artes visuais há muito chama nossa atenção seja com as obras de inspiração indígena na cerâmica de Ruy Meira, como no trabalho de Osmar Pinheiro e Sarubbi. Mas de maneira incisiva com a arte de Emanuel Nassar, a resgatar, ao lado de Luiz Braga, a luz, a cor e a visualidade do magnetismo dos subúrbios e de uma cidade como Belém. Captadas também nas montagens de Emanuel Franco com pinturas populares dos ribeirinhos. E mais recentemente, na vivência, em Marabá, por Marcone Moreira, em variações a partir de embarcações de rio, com partes seccionadas, isoladas e recompostas livremente em apreensão da memória de uma realidade.
Texto por Aracy do Amaral.